
Em 25 de Abril, nasce no Engenho Jussaral, em Timbaúba, Pernambuco.

A família transfere-se para João Pessoa, na Paraíba. Seu pai, advogado, passa a dedicar-se à política.
Pedro da Cunha Pedrosa

Estuda no Institut Quinche, em Chateau de Vidy, em Lausanne Suíça. Viaja para a Europa sob guarda do escritor José Vieira, com a ideia inicial de ser matriculado em colégio jesuíta em Gand, na Bélgica, mas Vieira adoece e vai se tratar na Suíça.
Entra para a Faculdade de Direito, no Rio de Janeiro.

As questões sociais e o marxismo começam a interessar o jovem Mário. É neste período (1920/1923) que se aproxima do professor Edgardo de Castro Rebelo, junto com Lívio Xavier.
É nomeado fiscal interino do Imposto de Consumo em São Paulo. Neste ano também começa a escrever a coluna de crítica de livros do jornal paulistano Diário da Noite e neste período faz amizade com o escritor Mário de Andrade.
Ingressa no Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB), influenciado por Otávio Brandão.
Larga o emprego de agente fiscal na Paraíba e vai para São Paulo assumir a direção local da Organização Internacional para Apoio a Revolucionários (Socorro Vermelho).
Volta a trabalhar no Diário da Noite, desta vez fazendo reportagens políticas.
É enviado para a União Soviética, pelo PCB, para cursar a Escola Leninista Internacional, instituição formadora de militantes comunistas.
No início de 1929 retorna ao Brasil. Pouco tempo depois da realização do III Congresso do PCB, ocorrido no final de dezembro. No congresso se manifestaram as divergências que levaram à segunda grande cisão no partido. Mário Pedrosa está entre os simpatizantes de Trotsky, assim como Lívio Xavier, Hílcar Leite, Aristides Lobo e Rodolfo Coutinho, que fazem parte da Juventude Comunista. As discordâncias levaram a fazem esse grupo a romper com o partido e formar o Grupo Comunista Lenin.
Publica o ensaio “Esboço de uma análise da situação econômica e social do país”, em parceria com Lívio Xavier. Considerado como primeira contribuição marxista para o estudo do modo capitalista de produção no Brasil.
Data do lançamento da primeira edição do jornal “A Luta de Classe”, do Grupo Comunista Lenin.
Revolução de 1930 leva Getúlio Vargas ao Poder (Fim da Primeira República).
Com a Revolução de 1930 se inicia uma violenta repressão de movimentos de esquerda no Brasil. Porém, em São Paulo, a nomeação do interventor João Alberto Lins de Barros permite que a esquerda tenha uma certa liberdade, ao menos nos primeiros meses.

Mário, Lívio Xavier, Fúlvio Abramo, Aristides Lobo e Benjamin Péret fundam a Liga Comunista, uma fração (tendência) do PCB. Mário Pedrosa vai para São Paulo, acompanhado de sua futura esposa Mary Houston, para escapar da perseguição à esquerda no Rio de Janeiro. Trata-se de problemas de saúde. O amigo jornalista Lívio Xavier e outros trotskistas também vão para São Paulo.

O agravamento de seu estado de saúde faz Mário Pedrosa tratar-se em Campos do Jordão, retornando depois para a Capital, onde passou a morar no bairro de Indianápolis.
Funda, com alguns companheiros, a Editora Unitas para publicar textos marxistas no Brasil.
Traduz, coleciona e prefacia os ensaios de Trotsky sobre a crise alemã, compilando-os com o título “Revolução e contra-revolução na Alemanha”.
Em julho, forças de São Paulo iniciam um levante contra Vargas, que fica conhecido como Revolução Constitucionalista. Os combates duram até outubro, quando o movimento é derrotado e os paulistas se rendem.
Durante a Revolução, Mário Pedrosa e Mary Houston são presos na cidade de São Paulo, ele na Liberdade (presídio Liberdade) e ela no bairro do Paraíso.
Adolf Hitler é nomeado chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha.
Estreia de Mário Pedrosa como crítico de arte, com a realização, no Clube dos Artistas Modernos (CAM), da conferência “Käthe Kollwitz e as Tendências Sociais da Arte”, a respeito do trabalho da gravurista alemã, que defendeu a arte a favor da luta revolucionária e internacionalista do proletariado.
Como parte dessa luta anti-integralista (anti-fascista) feita durante todo o ano, é lançado o jornal “Homem Livre”, com vários artigos de Trotsky propondo a formação de uma frente única das esquerdas contra o fascismo, traduzidos por Mário Pedrosa.

Mário Pedrosa trabalha intensamente para formar uma frente única das esquerdas para lutar contra o Integralismo. Unidos, os socialistas, comunistas, trotskistas e anarquistas realizaram comícios e manifestações, denunciando a atuação dos integralistas no Brasil e a expansão do nazi-fascismo pelo mundo.
O ápice dessa luta acontece num confronto violento em 7 de outubro, que ficou conhecido como “Batalha da Praça da Sé” e “Revoada dos galinhas verdes”. Isso porque a união da esquerda impediu a realização de um comício dos integralistas marcado para aquele dia, com o objetivo de atacar as sedes de diversas organizações operárias. Ao chegaram à Praça da Sé, o grupo de integralistas foi recebido a bala, por atiradores da esquerda anti-fascista posicionados em janelas dos sindicatos da vizinhança. Houve mortos e feridos. Mário Pedrosa saiu é baleado neste conflito.
Após a Batalha da Praça da Sé, amigos recomendam que Pedrosa tome cuidado, pois os integralistas diziam que iriam matar seus inimigos. Então, Mário Pedrosa procura refúgio em uma galeria de arte, na Rua Barão de Itapetininga. Nesta galeria estava acontecendo a primeira mostra de Cândido Portinari em São Paulo, logo após sua adesão ao Modernismo.
Com tempo, inspirado e cercado de arte na galeria, Mário Pedrosa escreve diversos artigos sobre a obra de Portinari, publicados pelo Diário da Noite.
O 7º Congresso da Internacional Comunista aprova a política de frente popular para enfrentar o fascismo.
Mário Pedrosa deixa São Paulo e fixa residência no Rio de Janeiro, trabalhando para a Agência Havas de notícias.

Está na clandestinidade, em janeiro de 1936, quando nasce Vera, sua única filha.
Por seu alinhamento em favor de Trotsky, Mário teve a oposição de Aristides Lobo, que era partidário de James Cannon (um dos fundadores do Partido Comunista dos EUA), dentro da Liga Comunista Internacional. Aristides Lobo e seguidores viram suas atribuições na LCI serem diminuídas.

Funda o Partido Operário Leninista (POL).
Mário retoma seu trabalho na Agência Havas, depois de considerar a situação mais segura.
Discussões internas na comissão central provisória do POL, sobre desorganização e burocratização do partido, ocorreram em março. Mas a ala de Mário saiu vitoriosa e 11 opositores foram expulsos do partido.
Decretação do Estado Novo por Getúlio Vargas
A decretação do Estado Novo agrava a situação da esquerda. Dirigentes da LCI são presos, entre eles Hílcar Leite e Aristides Lobo. Mário Pedrosa segue a orientação da Liga e parte para o exílio, embarcando clandestinamente para a França, no final do ano.
Mary Houston Pedrosa é presa no Rio de Janeiro.
Fundação da IV Internacional – Mário trabalha em Paris pela fundação da IV Internacional, junto com Klement, alemão que era secretário do comitê de organização, e com um lituano. Os dois foram assassinados misteriosamente, deixando Pedrosa com a posse dos arquivos do comitê. Apesar de abalado, Mário continua com os preparativos do congresso de fundação da IV Internacional.
Mário trabalha no Museum of Modern Art – MoMA e colabora com revistas de cultura, política e arte.
Mário Pedrosa é enviado para Nova York, porque o secretariado da IV Internacional seria sediado ali. Mantem contato próximo com Nathan Gould, membro da Internacional nos Estados Unidos e assistente de James Cannon.
Participa do Congresso de Fundação da Quarta Internacional, em Périgny, periferia de Paris, representando vários partidos operários da América Latina, com o pseudônimo de Lebrun, onde é eleito para o Comitê Executivo Internacional (CEI) da IV Internacional.

Início da Segunda Guerra Mundial.
O partido americano da IV Internacional entra em crise pela defesa incondicional da União Soviética, tendo a divergência se aprofundado depois da assinatura do pacto entre Adolf Hitler e Stalin, em setembro, e a invasão da Finlândia pelos russos, em novembro.
Neste momento Mário faz um documento expondo seu posicionamento, com restrição à defesa incondicional da União Soviética, causando grande repercussão no interior do partido. Empenha-se com outros exilados em revisar toda a experiência política e doutrinária desde a Revolução Russa de 1917
Começa a trabalhar como Redator para a União Pan-Americana em Washington.
É excluído do secretariado da IV Internacional, durante a Conferência de Alarme, em maio, quando Trotsky reorganiza aquele órgão. Com isso, Mário revê suas posições políticas, rompendo com o bolchevismo.
Trotsky é assassinado no México.
Pretende voltar clandestinamente ao Brasil, passando pelo Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai. É preso ao chegar ao Rio de Janeiro. Mas seu pai apresenta a Filinto Muller uma solicitação da União Pan-Americana convidando Mário e Mary para trabalharem em Washington, possibilitando sua libertação, condicionada ao embarque imediato com toda a família para os Estados Unidos.
Já nos Estados Unidos, Mário publica no boletim da União Pan-Americana um longo artigo sobre os painéis de Portinari que se encontravam na biblioteca do Congresso norte-americano, em Washington, DC.

Deixa seu emprego na União Pan Americana para trabalhar na seção de cinema do Escritório de Coordenação de Negócios Interamericanos, em Nova York.
Ainda em 1943, Mário Pedrosa faz contato com Paulo Bittencourt, proprietário do jornal carioca Correio da Manhã. Torna-se correspondente desse jornal e foi seu colaborador até 1951.

No início do ano, fascinado com a exposição do artista Alexander Calder no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), aproxima-se do artista e torna-se seu amigo. Faz várias anotações que seriam usadas em uma série de artigos futuros sobre Calder.
Mário Pedrosa é convidado por Paulo Bittencourt, dono do Correio da Manhã, para fazer uma série de reportagens na Europa, mas não consegue visto de saída dos Estados Unidos. Neste ano, decide voltar ao Brasil, com o início da redemocratização pós-Estado Novo. Então, passa a trabalhar no jornal.
De volta ao Brasil, em abril, ajuda a criar a União Socialista Popular (USP), ao lado de Martins Gomide (articulador), Edmundo Muniz, Hugo Baldessarini, Evaristo de Morais Filho e Araújo Jorge. Formada por trotskistas da LCI, socialistas independentes e dissidentes do PCB, todos juntos pelo objetivo de formar o Partido Socialista Popular ou Socialista do Brasil.
Com a criação da USP, Mário Pedrosa ao lado de Hílcar Leite, funda o semanário A Vanguarda Socialista, que circularia até 1948. O jornal tem como objetivo a divulgação da nova plataforma e a revisão do bolchevismo e do socialismo europeu, em especial o papel de Rosa Luxemburgo e de Karl Kautsky.
Fim da Segunda Guerra Mundial. A guerra na Europa termina com a execução de Mussolini e o suicídio de Hitler, em abril; na Ásia, o Japão se rende depois de as cidades de Hiroshima e Nagasaki serem atacadas pelos EUA com as primeiras bombas atômicas. No Brasil, um golpe militar liderado por Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra derruba Getúlio Vargas e convoca eleições para o ano seguinte.
Cria uma coluna dedicada exclusivamente às artes plásticas no Correio da Manhã.
Em agosto é criado o Partido Socialista Brasileiro (PSB), reunindo parte da União Socialista Popular, Esquerda Democrática (setor da União Democrática Nacional – UDN), União Democrática Socialista. Para o PSB é levado o jornal Vanguarda Socialista, que passa a ser dirigido por Hermes Lima no lugar de Mário Pedrosa e foi fechado em 1948. Mario permanece no PSB até 1965, quando foi extinto.
Conhece o trabalho da Dra. Nise da Silveira com pacientes psiquiátricos ao visitar uma exposição com obras do ateliê do Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. Passa a escrever diversos artigos sobre o tema no jornal Correio da Manhã.
Viaja para a Europa e entrevista André Gide, Albert Camus, André Malraux, David Rousset e James Burnham. Visita Giorgio Morandi, de quem se torna amigo.
Pedrosa faz palestras sobre Calder, a primeira no auditório do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro e outra, em 12 de outubro, no Museu de Arte de São Paulo, na Rua 7 de Abril. Foi a primeira visita do artista americano ao país. Nesse mesmo ano, reúne-se em torno de Pedrosa o grupo de artistas considerado o primeiro núcleo abstrato-concreto do Rio de Janeiro, formado por Ivan Serpa, Abraham Palatnik e Almir Mavignier,. Daí surgiria o Grupo Frente e, posteriormente, o neoconcretismo.
Publica o livro “Arte: Necessidade Vital”, pela Livraria Casa. É uma coletânea de textos publicados em jornais e revistas especializadas, entre 1933 e 1948. O artigo que dá nome ao livro foi feito a partir de uma conferência realizada no encerramento da exposição de pintura organizada pelo Centro Psiquiátrico Nacional em março de 1947, com trabalhos feitos por pacientes do Hospital Pedro II no serviço de terapia ocupacional, orientado por Nise da Silveira. Torna-se então um dos primeiros a apoiar esse serviço, que anos mais tarde daria origem ao Museu da Imagem do Inconsciente.
Também em 1949 presta concurso para a cátedra de história da arte e estética da Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, apresentando a tese “Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte”, tratando sobre a arte e a gestalt, tendo sido um dos primeiros no mundo a discorrer sobre esse assunto.
Getúlio Vargas é eleito presidente do Brasil.
Trabalha no O Estado de S. Paulo e Tribuna da Imprensa.
Publica o livro “Panorama da Pintura Moderna”, Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde.
Como organizador do programa artístico da II Bienal de São Paulo, comemorativa do IV centenário da Capital, ficou passa quase um ano na Europa. Nesse tempo, consegue estabelecer um programa que, pela primeira vez no mundo, reúne salas especiais de Pablo Picasso, Paul Klee, Piet Mondrian, Edvard Munch, Henry Moore, Marino Marini, Calder e outros. A Bienal de 1953 apresenta também uma sala em homenagem ao pintor ítalo-brasileiro Eliseu Visconti, considerado por Mário o pioneiro da pintura nacional.
Mário participa de um congresso internacional de críticos de arte em Dublin, na Irlanda, apresentando tese sobre Ciência e Arte.

Publica o livro “Crescimento e Criação”, com o artista Ivan Serpa, sobre a função pedagógica da arte. Sendo crítico da pop art, prefere valorizar a produção de pacientes de tratamento mental, reunida no Museu de Imagens do Inconsciente. Mário fica fascinado pelos trabalhos de internos como Emygdio de Barros (1895 – 1986), Raphael (1912 – 1979) e Carlos Pertuis (1910 1977), a quem conhece por intermédio do artista Almir
Tem interesse pelo ensino da arte e sua influência no desenvolvimento de habilidades técnicas, amadurecimento emocional e na criatividade. Nesse sentido, acompanha os trabalhos de Ivan Serpa com seus alunos da escola de arte. Mavignier (1925).
Membro das comissões organizadoras da Bienal de 1955.
Concorre à vaga de professor de História do colégio Pedro II, com o texto “Da Missão Artística Francesa: Seus Obstáculos Políticos”.
Torna-se livre-docente do colégio Pedro II, com a tese “Evolução do Conceito de Ideologia: da Filosofia à Sociologia”.
Recorre da decisão do PSB de expulsá-lo.
É Secretário-Geral da IV Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Publica o estudo “Poeta e Pintor Concreto”, estudo sobre o novo movimento literário Concretismo. Preocupa-se com a ideia de unir “brasilidade”, “tradição cultural” e um certo “localismo”, a uma arte mais “universal”, como a abstrata e o concretismo, estes dois ainda pouco aceitos pela “velha-guarda” do modernismo brasileiro. Vê na pintura de Alfredo Volpi uma conjunção desses dois aspectos.
Trabalha no Jornal do Brasil onde permanece até 1961. Assume a vice-presidência da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA), cargo que exerce até 1970.

Passa quase um ano no Japão, entre 1958 e 1959, com uma bolsa da Unesco, quando escreve um estudo sobre as relações da arte japonesa com a arte contemporânea ocidental.
Durante a construção de Brasília, Mário escreve uma carta em 24 de julho, a pedido do arquiteto Oscar Niemeyer, sugerindo como deveria ser um museu de arte para a futura capital do Brasil.

Organiza o Congresso Internacional dos Críticos de Arte, tendo como tema a cidade de Brasília, com o título “A Cidade Nova, Síntese das Artes”. Também foi membro do júri de várias bienais de artes plásticas em todo mundo.

Torna-se diretor geral da 6ª Bienal de São Paulo, que acontece entre 1º de outubro e 31 de dezembro.
Por conta da Bienal, viaja ainda à Europa e foi à União Soviética, procurando trazer para a exposição obras dos construtivistas russos, mas não obtem sucesso.
Nomeado Secretário-geral do recém-criado Conselho Nacional de Cultura, mas permanece poucos meses no cargo, afastando-se antes da renúncia do presidente Jânio Quadros. Permanece com suas atividades em São Paulo.
Torna-se presidente da Associação Brasileira dos Críticos de Arte, seção nacional da AICA.
É o delegado brasileiro da XIV Assembleia da AICA, ao lado de Mário Barata, no México.

Retorna ao Brasil, vindo de um congresso da AICA em Israel e transfere-se de São Paulo para o Rio de Janeiro, onde continua com as aulas no Colégio Pedro II. Também passa a colaborar no jornal Correio da Manhã com artigos sobre arte e política.

Golpe militar no Brasil. Em 31 de março.
Publica o livro “Dimensões da Arte”, Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura.
No ano em que o presidente João Goulart é deposto, Mário Pedrosa começa a trabalhar na elaboração de dois livros sobre política: “A opção imperialista” e “A opção brasileira”, publicados em 1966.
Vai para Portugal, com bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian e vai a Paris, onde atua como presidente da comissão do juri da Bienal dos Jovens, que tem dois brasileiros premiados, os artistas Antônio Dias e Roberto Magalhães.
Ingressa no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), após a extinção do PSB.
Lança candidatura como deputado federal pelo MDB, para as eleições deste ano, mas consegue somente uma suplência.
Retorna ao Correio da Manhã, onde fica até 1968.
Publica os livros “A opção imperialista” e “A opção brasileira” que analisam o Brasil, a era Vargas e o golpe de 1964 e a ditadura dentro do contexto do capitalismo e da atuação do imperialismo dos EUA na América Latina.
Leciona História da Arte e Estética na Faculdade de Arquitetura, da Universidade do Rio de Janeiro, mas renuncia à cadeira no ano seguinte.
Mário participa ativamente de debates e palestras sobre atualidade política, além de publicar análises na imprensa. Em abril, sofre uma isquemia durante a missa pela morte do jovem Edson Luís, que foi assassinado pela repressão ao protesto de estudantes em frente ao restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro.
Após alguns meses de recuperação, vai para a Polônia, onde faz parte do júri da Bienal de Gravura de Varsóvia.
No momento da edição do Ato Institucional nº5 (13/12/1968), Mário está na Europa e, seguindo conselho de amigos, passa uma temporada em Lisboa, onde mora seu irmão, Homero.
Volta ao Brasil, no final de março.
Vai ao Japão, onde participa do júri da Bienal de Gravura de Tóquio.

Mário Pedrosa é processado, acusado de tentativa de difamação do governo brasileiro no exterior, ao denunciar a tortura a presos políticos. Outras oito pessoas também sofrem a mesma acusação. Permanece em liberdade na primeira fase do processo, mas é informado, em julho, de que a Auditoria da Marinha do Rio de Janeiro decretou sua prisão preventiva e de outras pessoas incluídas na Lei de Segurança Nacional. Por isso, refugia-se na Embaixada do Chile, onde aguarda três meses o salvo-conduto para viajar àquele país.
Ao tornar-se público seu pedido de asilo no Chile, o suplemento “The New York Times Review of Books” publica carta aberta, assinada por mais de cem personalidades internacionais, como Picasso, Calder, Henry Moore e Max Bill, responsabilizando o governo brasileiro por sua integridade física.

No Chile, Mário é convidado por Miguel Rojas Mix, então diretor do Instituto de Arte Latino-Americana, para ser membro da entidade e também professor de História da Arte Latino-americana, na Faculdade de Belas-Artes de Santiago.
Viaja à Índia para fazer parte do júri de premiação na Trienal de Nova Délhi.
É designado pelo presidente Salvador Allende a organizar um museu de arte moderna para o Chile. Mais que um museu de arte, esta é uma ação de apoio ao governo socialista de Allende. Também é a primeira vez que se forma um museu a partir de doações dos próprios artistas, para o povo chileno. Mário consegue arrecadar inúmeras doações de obras de arte de artistas como Miró, Picasso, Calder, Léger e outros, além de obras de artistas brasileiros residentes em Paris, como Franz Krajcberg, Lígia Clark e Sérgio Camargo. O governo brasileiro impede que obras de artistas residentes no Brasil cheguem ao Chile
Em maio, o museu chileno passa a se chamar oficialmente “Museo de la Solidaridad”. Em sua primeira exposição, conta com mais de mil obras.
Publicou o livro “Arte Brasileira Hoje”, com Aracy Amaral e Mário Schenberg.
Mário viaja à Europa em busca de novas doações para o museu.
Volta ao Chile dois dias antes do golpe que leva à morte de Allende e instala uma junta militar no poder.
Asila-se na embaixada e depois na Cidade do México, de onde segue para Paris, em outubro. Mora na capital francesa por quatro anos com sua família, de onde procura recuperar obras doadas ao Museu da Solidariedade, apreendida pelos militares no Chile.
Na França começa a escrever suas memórias; faz a introdução do catálogo “Derrière le mirroir Calder”, da exposição das obras da última fase de Calder, na galeria Maeght; publica artigos em revistas dos Estados Unidos, México, Portugal, Peru e França; escreve o trabalho “Crise mundial do imperialismo e Rosa Luxemburgo”, que seria publicado em 1979, no Brasil.
Neste ano foi é publicada uma pequena coletânea de seus artigos, com o título “Mundo, homem, arte em crise”, pela editora Perspectiva.
Publica seu livro “Calder”, em Paris, pela Maeght Éditeur.
No início do ano Mário decide apressar sua volta ao Brasil, já bastante doente, para fazer um tratamento médico. Essa volta foi possível com a suspensão de ordem de prisão preventiva da Auditoria da Marinha do Rio de Janeiro. Mário fez o pedido de passaporte no consulado brasileiro em Paris e somente depois de consulta aos ministérios, o Itamaraty concedeu-lhe um título de nacionalidade, na segunda quinzena de setembro. Mário entrou no país na data determinada pelas autoridades brasileiras.
Em outubro Mário Pedrosa retornou ao Brasil. Foi absolvido por unanimidade em auditoria da Marinha para o julgamento de seu processo.
Desde seu retorno ao Brasil, empenhou-se na criação do Partido dos Trabalhadores (PT), que no seu entender representava o “movimento histórico mais importante e fecundo da hora brasileira”.
Passa a ser colaborador do jornal Folha de S. Paulo.
No mesmo ano, logo após o incêndio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), lidera
um mutirão de reconstrução.
Em agosto, publica seu artigo “Carta a um Operário”, dirigida a Luiz Inácio da Silva, na qual sugere a formação de um Partido dos Trabalhadores.
Publica o livro “Arte, Forma e Personalidade”, pela editora Kairós. Entre outros ensaios, apresenta a sua tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”.
Torna-se colaborador do recém-criado Jornal da República, em São Paulo.
Publica o livro “Crise Mundial do Imperialismo e Rosa Luxemburgo”, que havia escrito na França.

Publica o livro “Sobre o Partido dos Trabalhadores”.
Mário é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores – PT, sendo o primeiro a assinar seu manifesto de criação, no Colégio Sion, em São Paulo, em 1980.
Coordena a edição do livro “Museu da Imagem do Inconsciente, de Nise da Silveira.
Seus 80 anos são comemorados em 1980, com exposição na Galeria Jean Borghici, no Rio de Janeiro, contendo as obras de muitos dos artistas que ele havia conhecido e estudado, cobrindo o período de 1919 a 1980. Dessa exposição resulta o catálogo “Homenagem a Mário Pedrosa”.

Um grupo de professores, jornalistas, militantes e críticos culturais funda o Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa (Cemap), com vistas à preservação de registros documentais da história dos movimentos de trabalhadores e das organizações populares do Brasil e do exterior.
Mário Pedrosa falece no Rio de Janeiro no dia 5 de novembro de 1981.
Quinze dias antes de falecer, Mário lança “Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília”, uma coletânea de textos.
Na década de 1990, o pensamento crítico de Mário Pedrosa passa a despertar mais interesse.
No ano 2000, em que seria o centenário de MP, a Fundação Perseu Abramo e pelo Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista (Cedem – Unesp) realizam o seminário “Mário Pedrosa e o Brasil”.
Em 29 de janeiro é decretada a prisão domiciliar do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
Em outubro é iniciado o projeto “O universo intelectual de Mário Pedrosa: organização e conservação de seu acervo documental”, realizado pela Biblioteca Nacional.

Em 1º de janeiro Luis Inácio Lula da Silva assume a Presidência da República do Brasil. Ele é reeleito em 2006.
É publicada a obra Mário Pedrosa Primary Documents, pelo Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York.
O livro Mário Pedrosa Atual é publicado a partir do curso homônimo, realizado pelo Museu de Arte do Rio entre março e junho. Com curadoria de Izabela Pucu e Glaucia Villas Bôas e colaboração de Quito Pedrosa.
Em 11 de março a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que vivemos uma pandemia da Covid-19, vírus desconhecido e para o qual não existe vacina. A necessidade de distanciamento social para evitar contaminação impede a realização de eventos em todo o mundo. Inclusive, prejudicou a realização do projeto Mário Pedrosa 120 anos, da Cemap-Interludium.
No dia 20 de agosto acontece o debate on-line “120 anos de Mário Pedrosa: um militante entre a arte e a política”, realizado pelo Cedem-Unesp em parceria com o Cemap-Interludium.
Em dezembro é lançado o site Mário Pedrosa 120 anos, produzido pela Cemap-Interludium.
Referências
Abreu, Alzira Alves. Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930). Disponível online.
CPDOC-FGV. Dicionário on line.
•Karepovs, Dainis. Pas de politique Mariô! Mário Pedrosa e a política. Cotia, SP: Ateliê.
•Editorial e Editora da Fundação Perseu Abramo, 2017.
•Pedrosa, Quito. Villas-Boas, Glauce. Pucu, Isabela (orgs). Mário Pedrosa atual (e-book), Rio de Janeiro: MAR, 2019.
•Vários autores. Mário Pedrosa e o Brasil, São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.