Nasce em 25 de abril, no Engenho Jussaral, em Timbaúba, Pernambuco. Filho do usineiro Pedro da Cunha Pedrosa e de Antônia Xavier de Andrade Pedrosa. Seu pai, além de magistrado em Pernambuco e na Paraíba, dedica-se à política, mas está em um momento de ostracismo.
A família muda-se para a capital da Paraíba, hoje João Pessoa. Seu pai volta à política e se elege deputado estadual. Em 1905, Cunha Pedrosa torna-se secretário de Estado e em 1908, vice-governador. Em 1912, assume o primeiro mandato como senador. Mário inicia os estudos em 1906, no colégio Nossa Senhora das Neves. De lá, passa por mais duas escolas católicas, o Colégio Diocesano Pio e o Liceu Paraibano.
Por decisão dos pais, viaja para a Europa, sob a guarda do escritor paraibano José Vieira, para estudar no colégio jesuíta Maison Melo, na Bélgica. Mas Vieira adoece e vai se tratar na Suíça. Por isso, Pedrosa acaba matriculado em um colégio protestante, o Institut Quinche, em Lausanne.
O Império Austro-Húngaro declara guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914, um mês depois de um estudante nacionalista sérvio assassinar o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono, em Sarajevo. A invasão da Sérvia, em 1º de agosto, marca o início da 1ª Guerra Mundial.
Mário Pedrosa volta ao Brasil, mas fica na Paraíba por pouco tempo. Reeleito para o Senado, em 1916 seu pai muda-se com a família para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal.
Pedrosa faz os cursos preparatórios para a faculdade.
Em fevereiro, a Rússia começa sua revolução. O czar é obrigado a abdicar e o Governo Provisório assume, dominado por constitucionalistas. O processo se acelera ao longo do ano e em outubro os bolcheviques tomam o poder e inauguram o governo dos sovietes. A Revolução de 1917 vai influenciar o movimento operário no mundo todo, que viverá uma onda de mobilizações e a criação de partidos comunistas nacionais ao longo das duas décadas seguintes.
Em julho, a primeira greve geral do Brasil paralisa completamente São Paulo e cidades vizinhas. O movimento se estende por quase todo o mês e chega a ter a participação de 50 mil operárias e operários.
Entra para a Faculdade de Direito, no Rio de Janeiro. Nesse período conhece Lívio Xavier, que será seu amigo mais próximo e constante correspondente por quase toda a vida, Antônio Bento e Murilo Mendes. Muito interessado em música, frequenta o Teatro Municipal do Rio e também faz amizade com a cantora lírica Elsie Houston, e por extensão com a família – a mãe Arinda e as irmãs Celina e Mary, que depois será sua companheira pelo resto da vida.
As questões sociais e o marxismo começam a interessar o jovem Mário. É neste período (1920-1923) que se aproxima do professor Edgardo de Castro Rebelo, junto com Lívio Xavier.
É nomeado fiscal interino do Imposto de Consumo em São Paulo. Neste ano também começa a escrever a coluna de crítica de livros do jornal paulistano Diário da Noite e neste período faz amizade com o escritor Mário de Andrade.
Ingressa no Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB).
Larga o emprego de agente fiscal na Paraíba e vai para São Paulo assumir a direção local da Organização Internacional para Apoio a Revolucionários (Socorro Vermelho).
Volta a trabalhar no Diário da Noite, desta vez fazendo reportagens políticas.
É enviado para a União Soviética pelo PCB, para cursar a Escola Leninista Internacional, instituição formadora de militantes comunistas.
No início de 1929 retorna ao Brasil, pouco tempo depois da realização do III Congresso do PCB, ocorrido no final de dezembro.
No congresso se manifestaram as divergências que levaram à segunda grande cisão no partido. Mário Pedrosa está entre os simpatizantes de Trotsky, assim como Lívio Xavier, Hílcar Leite, Aristides Lobo e Rodolfo Coutinho, que fazem parte da Juventude Comunista. As discordâncias levam esse grupo a romper com o partido e formar o Grupo Comunista Lenin.
Em 8 de maio, o Grupo Comunista Lenin (GCL) lança a primeira edição de seu jornal, “A Luta de Classe”.
Mário e Lívio Xavier escrevem “Esboço de uma análise da situação econômica e social do país”, que será publicado em março de 1931 no A Luta de Classe. Considerado como primeira contribuição marxista para o estudo do modo capitalista de produção no Brasil.
Em outubro, a Revolução de 1930 derruba o governo e leva Getúlio Vargas ao poder. Ele assume o "governo provisório" em 3 de novembro.
Com a Revolução de 1930 se inicia uma violenta repressão de movimentos de esquerda no Brasil. Em São Paulo, porém, a nomeação do interventor João Alberto Lins de Barros permite que a esquerda tenha uma certa liberdade, ao menos nos primeiros meses.
Mário, Lívio Xavier, Fúlvio Abramo, Aristides Lobo e Benjamin Péret fundam a Liga Comunista, uma fração (tendência) do PCB de oposição à direção.
Para escapar à repressão política aos esquerdistas no Rio de Janeiro, Mário Pedrosa se muda para São Paulo, junto com sua companheira, Mary Houston. Trata-se de problemas de saúde.
O amigo e jornalista Lívio Xavier e outros integrantes da Liga Comunista também vão para São Paulo.
O agravamento de seu estado de saúde faz Mário Pedrosa tratar-se em Campos do Jordão, retornando depois para a capital, onde passou a morar no bairro de Indianápolis.
Funda, com alguns companheiros, a Editora Unitas para publicar textos marxistas no Brasil.
Traduz, coleciona e prefacia os ensaios de Trotsky sobre a crise alemã, compilando-os com o título “Revolução e contra-revolução na Alemanha”.
Em julho, forças de São Paulo iniciam um levante contra Vargas, que fica conhecido como Revolução Constitucionalista. Os combates duram até outubro, quando o movimento é derrotado e os paulistas se rendem.
Durante a Revolução, Mário Pedrosa e Mary Houston são presos na cidade de São Paulo, ele na Liberdade (presídio Liberdade) e ela no bairro do Paraíso.
Adolf Hitler é nomeado chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha.
Estreia de Mário Pedrosa como crítico de arte, com a realização, no Clube dos Artistas Modernos (CAM), da conferência “Käthe Kollwitz e as Tendências Sociais da Arte”, a respeito do trabalho da gravurista alemã, que defendeu a arte a favor da luta revolucionária e internacionalista do proletariado.
Como parte dessa luta anti-integralista (anti-fascista) feita durante todo o ano, é lançado o jornal “O Homem Livre”, com vários artigos de Trotsky propondo a formação de uma frente única das esquerdas contra o fascismo, traduzidos por Mário Pedrosa.
Mário Pedrosa trabalha intensamente para formar uma frente única das esquerdas para lutar contra o Integralismo. Unidos, socialistas, comunistas, trotskistas e anarquistas realizam comícios e manifestações, denunciando a atuação dos integralistas no Brasil e a expansão do nazi-fascismo pelo mundo.
O ápice dessa luta acontece num confronto violento em 7 de outubro, que ficou conhecido como “Batalha da Praça da Sé” e “Revoada dos galinhas verdes”. Isso porque a união da esquerda impediu a realização de um comício dos integralistas marcado para aquele dia, com o objetivo de atacar as sedes de diversas organizações operárias. O enfrentamento na Praça da Sé deixa mortos e feridos. Mário Pedrosa é baleado.
Em dezembro, publica “Impressões de Portinari” no Diário da Noite, sobre a primeira exposição do pintor Cândido Portinari em São Paulo, na Galeria Itá.
O 7º Congresso da Internacional Comunista aprova a política de frente popular para enfrentar o fascismo.
Mário Pedrosa deixa São Paulo e fixa residência no Rio de Janeiro, trabalhando para a Agência Havas de notícias.
Está na clandestinidade, em janeiro de 1936, quando nasce Vera, sua única filha.
Por seu alinhamento em favor de Trotsky, Mário teve a oposição de Aristides Lobo, que era partidário de James Cannon (um dos fundadores do Partido Comunista dos EUA), dentro da Liga Comunista Internacional. Aristides Lobo e seguidores viram suas atribuições na LCI serem diminuídas.
Funda o Partido Operário Leninista (POL).
Mário retoma seu trabalho na Agência Havas, depois de considerar a situação mais segura.
Discussões internas na comissão central provisória do POL, sobre desorganização e burocratização do partido, ocorreram em março. Mas a ala de Mário saiu vitoriosa e 11 opositores foram expulsos do partido.
Decretação do Estado Novo por Getúlio Vargas
A decretação do Estado Novo agrava a situação da esquerda. Dirigentes da LCI são presos, entre eles Hílcar Leite e Aristides Lobo. Mário Pedrosa segue a orientação da Liga e parte para o exílio, embarcando clandestinamente para a França, no final do ano.
Mary Houston Pedrosa é presa no Rio de Janeiro.
Fundação da 4ª Internacional – Mário trabalha em Paris pela fundação da 4ª Internacional, junto com Klement, alemão que era secretário do comitê de organização, e com um lituano. Os dois foram assassinados misteriosamente, deixando Pedrosa com a posse dos arquivos do comitê. Apesar de abalado, Mário continua com os preparativos do congresso de fundação da 4ª Internacional.
Mário trabalha no Museum of Modern Art – MoMA e colabora com revistas de cultura, política e arte.
Mário Pedrosa é enviado para Nova York, porque lá ficaria a sede do secretariado da 4ª Internacional. Mantém contato próximo com Nathan Gould, membro da Internacional nos Estados Unidos e assistente de James Cannon.
Participa do Congresso de Fundação da 4ª Internacional, em Périgny, periferia de Paris, como representante de vários partidos operários da América Latina, com o pseudônimo de Lebrun. No congresso, é eleito para o Comitê Executivo Internacional (CEI) da 4ª Internacional.
Início da 2ª Guerra Mundial.
O partido americano da 4ª Internacional entra em crise pela defesa incondicional da União Soviética, tendo a divergência se aprofundado depois da assinatura do pacto entre Adolf Hitler e Stalin, em setembro, e a invasão da Finlândia pelos russos, em novembro.
Neste momento Mário faz um documento expondo seu posicionamento, com restrição à defesa incondicional da União Soviética, causando grande repercussão no interior do partido. Empenha-se com outros exilados em revisar toda a experiência política e doutrinária desde a Revolução Russa de 1917.
Começa a trabalhar como redator para a União Pan-Americana em Washington.
É excluído do secretariado da 4ª Internacional, durante a Conferência de Alarme, em maio, quando Trotsky reorganiza o órgão. Com isso, Mário revê suas posições políticas e rompe com o bolchevismo.
Trotsky é assassinado no México.
Pretende voltar clandestinamente ao Brasil, passando pelo Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai. É preso ao chegar ao Rio de Janeiro. Mas seu pai apresenta a Filinto Muller uma solicitação da União Pan-Americana convidando Mário e Mary para trabalharem em Washington, possibilitando sua libertação, condicionada ao embarque imediato com toda a família para os Estados Unidos.
Já nos Estados Unidos, Mário publica no boletim da União Pan-Americana um longo artigo sobre os painéis de Portinari que se encontravam na biblioteca do Congresso norte-americano, em Washington, DC.
Deixa seu emprego na União Pan Americana para trabalhar na seção de cinema do Escritório de Coordenação de Negócios Interamericanos, em Nova York.
Ainda em 1943, Mário Pedrosa faz contato com Paulo Bittencourt, proprietário do jornal carioca Correio da Manhã. Torna-se correspondente desse jornal e foi seu colaborador até 1951.
No início do ano, fascinado com a exposição de Alexander Calder no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), aproxima-se do artista e torna-se seu amigo. Faz várias anotações que seriam usadas em uma série de artigos sobre Calder.
Mário Pedrosa é convidado por Paulo Bittencourt, dono do Correio da Manhã, para fazer uma série de reportagens na Europa, mas não consegue visto de saída dos EUA. Neste ano, decide voltar ao Brasil, com o fim do Estado Novo e o início da redemocratização.
De volta ao país, passa a trabalhar no jornal e em abril ajuda a criar a União Socialista Popular (USP), ao lado de Martins Gomide, Edmundo Muniz, Hugo Baldessarini, Evaristo de Morais Filho e Araújo Jorge. A USP é formada por trotskistas da LCI, socialistas independentes e dissidentes do PCB, todos juntos pelo objetivo de formar o Partido Socialista Popular ou Socialista do Brasil.
Com a USP, Mário Pedrosa funda com Hílcar Leite o semanário A Vanguarda Socialista, que circulará até 1948. O jornal tem como objetivo a divulgação da nova plataforma e a revisão do bolchevismo e do socialismo europeu, em especial o papel de Rosa Luxemburgo e de Karl Kautsky.
Fim da 2ª Guerra Mundial. Na Europa a guerra termina com a execução de Mussolini e o suicídio de Hitler, em abril; na Ásia, o Japão se rende depois que os EUA jogam bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em agosto. No Brasil, um golpe militar liderado por Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra derruba Getúlio Vargas e convoca eleições para o ano seguinte.
Cria uma coluna dedicada exclusivamente às artes plásticas no Correio da Manhã.
Em agosto é criado o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que reúne parte da União Socialista Popular, a Esquerda Democrática (setor da União Democrática Nacional – UDN) e a União Democrática Socialista. Para o PSB é levado o jornal Vanguarda Socialista, que passa a ser dirigido por Hermes Lima no lugar de Mário Pedrosa. Mário permanece no PSB até 1965, quando o partido é extinto.
Conhece o trabalho da médica psiquiatra Nise da Silveira ao visitar a primeira exposição externa de pinturas de pacientes do Centro Psiquiátrico Nacional (hospital Pedro II), no bairro Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, em março. Passa a escrever diversos artigos sobre o tema no jornal Correio da Manhã.
Viaja para a Europa e entrevista André Gide, Albert Camus, André Malraux, David Rousset e James Burnham. Também visita Giorgio Morandi, de quem se torna amigo.
Pedrosa faz palestras sobre Calder, a primeira no auditório do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro e outra, em 12 de outubro, no Museu de Arte de São Paulo, na Rua 7 de Abril. Foi a primeira visita do artista americano ao país. Nesse mesmo ano, reúne-se em torno de Pedrosa o grupo de artistas considerado o primeiro núcleo abstrato-concreto do Rio de Janeiro, formado por Ivan Serpa, Abraham Palatnik e Almir Mavignier. Daí surgiria o Grupo Frente e, posteriormente, o neoconcretismo.
Lança o livro “Arte: Necessidade Vital”, uma coletânea de textos publicados em jornais e revistas entre 1933 e 1948. O artigo que dá nome ao livro se baseia em uma conferência realizada no encerramento da primeira exposição de pinturas de pacientes do serviço de terapia ocupacional do Centro Psiquiátrico Nacional, dirigido por Nise da Silveira. Torna-se um dos primeiros a apoiar esse serviço, que dará origem ao Museu de Imagens do Inconsciente.
Ele e Leon Degand, diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), fazem a curadoria da segunda exposição do centro, “9 Artistas de Engenho de Dentro”. A mostra é inaugurada em outubro em São Paulo e vai para o Rio no fim de novembro.
Também em 1949 Mário presta concurso para a cátedra de história da arte e estética da Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, com a tese “Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte”, que trata sobre a arte e a gestalt, tendo sido um dos primeiros no mundo a discorrer sobre esse assunto.
Getúlio Vargas é eleito presidente do Brasil.
Trabalha no O Estado de S. Paulo e na Tribuna da Imprensa.
Publica o livro “Panorama da Pintura Moderna”, no Rio de Janeiro. A edição é parte da série "Os cadernos de Cultura" do Ministério da Educação e Saúde.
Como organizador do programa artístico da 2ª Bienal de São Paulo, comemorativa do quarto centenário da capital, passa quase um ano na Europa. Nesse tempo, estabelece um programa que, pela primeira vez no mundo, reúne salas especiais de Pablo Picasso, Paul Klee, Piet Mondrian, Edvard Munch, Henry Moore, Marino Marini, Calder e outros. A Bienal de 1953 apresenta também uma sala em homenagem ao pintor ítalo-brasileiro Eliseu Visconti, que Mário considera o pioneiro da pintura nacional.
Mário participa de um congresso internacional de críticos de arte em Dublin, na Irlanda, apresentando tese sobre Ciência e Arte.
Publica o livro “Crescimento e Criação”, com o artista Ivan Serpa, sobre a função pedagógica da arte. Crítico da pop art, prefere valorizar a produção de pacientes de tratamento psiquiátrico, reunida no Museu de Imagens do Inconsciente. Mário sente-se fascinado pelos trabalhos de internos como Emygdio de Barros, Raphael e Carlos Pertuis, a quem conhece por intermédio do pintor Almir Mavignier.
Interessa-se pelo ensino da arte e sua influência no desenvolvimento de habilidades técnicas, no amadurecimento emocional e na criatividade. Nesse sentido, acompanha os trabalhos de Ivan Serpa com seus alunos da escola de arte.
Integra a comissão organizadora da 3ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Concorre à vaga de professor de História do Colégio Pedro II, com a tese “Da Missão Artística Francesa: seus obstáculos políticos”.
Mário torna-se livre-docente do Colégio Pedro II, com a tese “Evolução do Conceito de Ideologia: da Filosofia à Sociologia”. Em junho, é expulso do Partido Socialista, mas recorre da decisão.
Participa da comissão de premiação da 4ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Publica “Poeta e Pintor Concreto”, estudo sobre o novo movimento literário concretismo. Preocupa-se com a ideia de unir “brasilidade”, “tradição cultural” e um certo “localismo” a uma arte mais “universal”, como a abstrata e o concretismo, estes dois ainda pouco aceitos pela “velha guarda” do modernismo brasileiro. Vê na pintura de Alfredo Volpi uma conjunção desses dois aspectos.
Assume a vice-presidência da Associação Internacional dos Críticos de Arte (Aica), cargo que exercerá até 1970. Trabalha no Jornal do Brasil onde permanecerá até 1961.
Passa quase um ano no Japão, entre 1958 e 1959, com uma bolsa de estudo do projeto Oriente-Ocidente da Unesco, para estudar as relações da arte japonesa com a arte ocidental. Lá, monta a exposição "Do Barroco a Brasília", sobre arquitetura brasileira, no Museu de Arte Moderna de Tóquio.
Durante a construção de Brasília, a pedido de Oscar Niemeyer, em 24 de julho Mário escreve uma carta com sugestões sobre como deveria ser um museu de arte para a futura capital do Brasil.
Mary vai para o Japão, para se encontrar com Mário no fim de seu período de estudos. Na volta para o Brasil, o casal viaja pela Índia, Egito e Turquia.
Organiza pela Aica o Congresso Internacional Extraordinário de Críticos de Arte, com o tema geral "A Cidade Nova – Síntese das Artes", uma referência a Brasília, ainda em construção. O congresso, que também tem etapas em São Paulo e no Rio de Janeiro, tem a participação de uma quantidade expressiva de críticos nacionais e internacionais de renome e provoca grande impacto.
Neste ano, Mário também é membro do júri de várias bienais de artes plásticas em todo o mundo.
Mário é responsável por selecionar a representação brasileira para a 2ª Bienal Internacional da Gravura, em Tóquio. Também participa do 7º Congresso de Críticos da Aica, em Varsóvia e integra o júri do 9º Salão Nacional de Arte Moderna.
Torna-se diretor geral da 6ª Bienal de São Paulo, que se realiza entre 1º de outubro e 31 de dezembro. Para organizá-la, entre março e maio Mário viaja em busca de obras para Peru, México, EUA, França, Holanda, Bélgica, Tchecoslováquia, Polônia, Itália, Espanha e União Soviética. Na URSS procura conseguir obras dos construtivistas russos para a mostra, sem sucesso.
É nomeado secretário-geral do Conselho Nacional de Cultura, recém-criado, mas fica poucos meses no cargo e se afasta antes da renúncia do presidente Jânio Quadros. Também assume a direção do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo.
É reeleito vice-presidente da Aica e torna-se presidente de sua seção nacional, a Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Participa do primeiro conselho consultivo da Cinemateca Brasileira.
Ele e Mário Barata participam como delegados brasileiros da 14ª Assembleia da Aica, no México.
Participa do congresso da Aica em Tel Aviv, Israel. Na volta, transfere-se de São Paulo para o Rio de Janeiro, onde retoma as aulas no Colégio Pedro II.
Também passa a colaborar no jornal Correio da Manhã, com artigos sobre arte e política.
Em 31 de março, um golpe militar derruba o presidente João Goulart e instaura uma ditadura.
Mário Pedrosa publica o livro “Dimensões da Arte”, pelo Ministério da Educação e Cultura.
Nesse mesmo ano, começa a trabalhar na elaboração de dois livros sobre política: “A opção imperialista” e “A opção brasileira”, que serão publicados em 1966.
Vai para Portugal, com uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian. De lá, a convite do secretário da Bienal de Paris, Raymond Cogniat, viaja para Paris, onde preside a comissão do júri de premiação da Bienal dos Jovens Artistas.
A vitória de oposicionistas em cinco Estado nas eleições leva o presidente Castello Branco a decretar o Ato Institucional nº 2 (AI-2), que estabelece eleições indiretas para presidente e extingue todos os partidos políticos, que são substituídos por apenas dois: a governista Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Com o fim do PSB, Mário se filia ao MDB.
Lança-se candidato a deputado federal pelo MDB, mas só consegue uma suplência.
Retorna ao Correio da Manhã, onde ficará até 1968.
Publica os livros “A opção imperialista” e “A opção brasileira”, que analisam o Brasil, a era Vargas, o golpe de 1964 e a ditadura dentro do contexto do capitalismo e da atuação do imperialismo dos Estados Unidos na América Latina.
Leciona História da Arte e Estética na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas renuncia à posição no ano seguinte.
Em janeiro de 1968, preside em Buenos Aires o Comitê Assessor Brasileiro do Prêmio Codex de Pintura Latino-Americana. Em fevereiro, integra-se ao movimento “contra a censura e pela cultura”, liderado por atrizes, atores e diretores do teatro.
No mês seguinte, participa dos protestos pela morte a tiros do estudante Edson Luís na repressão da polícia a uma manifestação na frente do restaurante Calabouço. Em 4 de abril, Mário é agredido pela polícia quando se dirige à missa de 7º dia de Edson Luís e sofre uma isquemia na igreja.
Depois de se recuperar, viaja para a Polônia, onde integra o júri da Bienal de Gravura de Cracóvia. Sua agenda na Europa é extensiva: participa de um encontro da Galeria Nacional de Arte da Tchecoslováquia, contribui para a organização da Bienal de Nuremberg, acompanha a inauguração da Documenta em Kassel, visita a Bienal de Veneza e participa da Assembleia da Aica em Bordeaux. De lá, vai a Londres e, em novembro, ao Japão.
O aumento da resistência à ditadura, com o movimento estudantil cada vez mais ativo e a onda de greves que começa por Contagem e Osasco, leva o o governo militar a decretar, em dezembro, o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que suspende as garantias constitucionais, e fechar o Congresso Nacional. Mário, que está na Europa, é aconselhado por parentes e amigos a não voltar ao Brasil e segue para Lisboa, onde passa uma temporada com o irmão Homero.
Volta ao Brasil, no final de março.
Vai ao Japão, onde participa do júri da Bienal de Gravura de Tóquio.
Mário Pedrosa é processado, acusado de tentativa de difamação do governo brasileiro no exterior, por denunciar a tortura de presos políticos. Outras oito pessoas também sofrem a mesma acusação. Permanece em liberdade na primeira fase do processo, mas é informado, em julho, de que a Auditoria da Marinha do Rio de Janeiro decretou sua prisão preventiva e de outras pessoas com base na Lei de Segurança Nacional. Por isso, refugia-se na Embaixada do Chile, onde aguarda três meses o salvo-conduto para viajar àquele país.
Ao tornar-se público seu pedido de asilo no Chile, o suplemento “The New York Times Review of Books” publica carta aberta, assinada por mais de cem personalidades internacionais, como Picasso, Calder, Henry Moore e Max Bill, responsabilizando o governo brasileiro por sua integridade física.
No Chile, Mário se integra ao Instituto de Arte Latino-Americana, a convite de seu diretor, Miguel Rojas Mix. Também torna-se professor de História da Arte Latino-americana na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Chile, em Santiago.
Faz uma viagem à Índia para participar do júri de premiação da Trienal de Nova Délhi.
É designado pelo presidente Salvador Allende para organizar um museu de arte moderna para o Chile. Mais que um museu de arte, esta é uma ação de apoio ao governo socialista de Allende: é a primeira vez que se forma um museu a partir de doações dos próprios artistas para o povo chileno.
Mário consegue inúmeras doações de obras de arte de artistas como Miró, Picasso, Calder, Léger e outros, além de artistas brasileiros residentes em Paris, como Franz Krajcberg, Lígia Clark e Sérgio Camargo. O governo brasileiro impede que obras de artistas residentes no Brasil sigam para o Chile.
Em maio, o museu chileno passa a se chamar oficialmente “Museo de la Solidaridad”. Em sua primeira exposição, conta com mais de mil obras.
Publica o livro “Arte Brasileira Hoje”, com Aracy Amaral e Mário Schenberg.
Mário viaja à Europa em busca de novas doações para o museu e volta ao Chile dois dias antes do golpe que derruba Allende, levando à sua morte, e instala uma junta militar no poder, em 11 de setembro.
Com a repressão, Mário refugia-se na embaixada mexicana e consegue um salvo conduto para ir para a Cidade do México. De lá, segue para Paris em outubro e consegue asilo político. Com Mary e Vera, ele vive por quatro anos na capital francesa, de onde tenta reaver as obras doadas ao Museu da Solidariedade que estão no Chile. Também ajuda a reorganizá-lo no exterior, na forma de comitês, com o nome geral de Museu Internacional da Resistência Salvador Allende.
Na França, começa a escrever suas memórias e o texto “Teses para o Terceiro Mundo”, que será publicado em 1978. Faz ainda a introdução do catálogo “Derrière le mirroir Calder”, da exposição das obras da última fase de Calder, na galeria Maeght; e publica artigos em revistas dos Estados Unidos, México, Portugal, Peru e França.
Também escreve o ensaio “A crise mundial do imperialismo e Rosa Luxemburgo”, que será publicado em 1979 no Brasil.
Em Paris, Mário lança seu livro “Calder”, publicado pela Maeght Éditeur. Viaja ainda ao México, onde participa de um seminário de cultura popular com a tese “Arte culta e arte popular”.
No Brasil, a editora Perspectiva lança uma pequena coletânea de seus artigos, organizada por Aracy Amaral, com o título “Mundo, homem, arte em crise”.
Outro texto seu, “Discurso aos tupiniquins ou nambás”, é publicado pelo jornal Versus.
No início do ano, já bastante doente, decide apressar sua volta ao Brasil para fazer um tratamento médico. Essa volta torna-se possível porque o mandado de prisão preventiva contra ele é revogado.
Mário entra com pedido de passaporte no consulado brasileiro em Paris e só depois de consulta aos ministérios, o Itamaraty concede-lhe um título de nacionalidade, na segunda quinzena de setembro. Ele entra no país em outubro, na data determinada pelas autoridades brasileiras.
Em seguida, comparece à Auditoria da Marinha do Rio de Janeiro para o julgamento de seu processo. É absolvido por unanimidade.
Passa a acompanhar a retomada do movimento sindical, principalmente a partir de maio, quando os metalúrgicos da região do ABC paulista fazem a primeira greve de grandes proporções desde a decretação do AI-5, liderados por seu sindicato, presidido por Luiz Inácio da Silva, o Lula.
Em 8 de julho, um incêndio destrói quase todo o acervo do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Mário lidera o mutirão para sua reconstrução, mas o MAM só reabrirá, e de forma precária, em 1981.
Passa a ser colaborador do jornal Folha de S. Paulo.
Em agosto, escreve uma carta a Lula, que depois é publicada com o título “Carta a um Operário”. Nela, sugere a formação de um partido dos trabalhadores. Para Mário, a criação desse partido representava o “movimento histórico mais importante e fecundo da hora brasileira”. Em novembro, participa do 1º Congresso pela Anistia, em São Paulo.
Publica “Arte, Forma e Personalidade”. Entre os ensaios reunidos no livro está sua tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”. Também publica o livro “A Crise Mundial do Imperialismo e Rosa Luxemburgo”, que escrevera na França.
Organiza duas exposições no Rio com obras de internos do Centro Psiquiátrico Nacional.
Torna-se colaborador do recém-criado Jornal da República, em São Paulo.
Dedica-se à campanha pela criação do Partido dos Trabalhadores e escreve vários artigos para o Jornal da República, nos quais sugere bases para o partido.
O Partidos dos Trabalhadores (PT) é fundado em 10 de fevereiro, em um ato no Colégio Sion, em São Paulo. Mário é o primeiro a assinar o manifesto de fundação.
Publica o livro “Sobre o PT”, que reúne os artigos que publicara no Jornal da República entre 1979 e 1980.
Coordena a edição do livro “Museu de Imagens do Inconsciente", de Nise da Silveira.
Seus 80 anos são comemorados com uma exposição na Galeria Jean Borghici, no Rio de Janeiro, com obras de muitos dos artistas que ele conheceu e estudou, que cobrem o período de 1919 a 1980. Dessa exposição resulta o catálogo “Homenagem a Mário Pedrosa”.
Mário Pedrosa falece no Rio de Janeiro, no dia 5 de novembro, aos 81 anos.
Quinze dias antes de sua morte, a Editora Perspectiva lança "Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília", uma coletânea de artigos e ensaios organizada por Aracy Amaral.
Um grupo de militantes, professores, jornalistas, estudantes e críticos culturais funda o Centro de Documentação do Movimento Operário Mário Pedrosa (Cemap), com o objetivo de reunir e preservar registros documentais da história dos movimentos dos trabalhadores e das organizações populares do Brasil e do exterior, com ênfase na história dos trotskistas brasileiros.
Na década de 1990, o pensamento crítico de Mário Pedrosa passa a despertar mais interesse.
No ano 2000, em que seria o centenário de MP, a Fundação Perseu Abramo e pelo Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista (Cedem – Unesp) realizam o seminário “Mário Pedrosa e o Brasil”.
Em 29 de janeiro é decretada a prisão domiciliar do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
Em outubro é iniciado o projeto “O universo intelectual de Mário Pedrosa: organização e conservação de seu acervo documental”, realizado pela Biblioteca Nacional.
Em 1º de janeiro, Luis Inácio Lula da Silva assume a Presidência do Brasil. Ele será reeleito em 2006.
É publicada a obra Mário Pedrosa Primary Documents, pelo Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York.
O livro Mário Pedrosa Atual é publicado a partir do curso homônimo, realizado pelo Museu de Arte do Rio entre março e junho. Com curadoria de Izabela Pucu e Glaucia Villas Bôas e colaboração de Quito Pedrosa.
Em 11 de março a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que vivemos uma pandemia da Covid-19, vírus desconhecido e para o qual não existe vacina. A necessidade de distanciamento social para evitar contaminação impede a realização de eventos em todo o mundo. Inclusive, prejudicou a realização do projeto Mário Pedrosa 120 anos, da Cemap-Interludium.
No dia 20 de agosto acontece o debate on-line “120 anos de Mário Pedrosa: um militante entre a arte e a política”, realizado pelo Cedem-Unesp em parceria com o Cemap-Interludium.
Em dezembro é lançado o site Mário Pedrosa 120 anos, produzido pela Cemap-Interludium.
Referências
Mário Pedrosa e o Brasil, organização de José Castilho Marques Neto, Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.
Pas de Politique Mariô! Mário Pedrosa e a Política, de Dainis Karepovs, Ateliê Editorial e Editora Fundação Perseu Abramo, 2017.
Solidão revolucionária: Mário Pedrosa e as origens do trotskismo no Brasil, José Castilho Marques Neto, Editora Paz e Terra, 1993 (nova edição ampliada: editora WMF Martins Fontes, 2022).
Mário Pedrosa Atual, organização de Izabela Pucu, Glaucia Villas Bôas e Quito Pedrosa, Museu de Arte do Rio (MAR) e Instituto Odeon, 2019.
Mário Pedrosa político, série de artigos de Manolo, publicada pelo site Passa Palavra em 2009.
Dicionário Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930), coordenação de Alzira Alves de Abreu, Editora Fundação Getúlio Vargas. O e-book pode ser comprado na editora da FGV ou em lojas online. Seu conteúdo pode ser consultado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da fundação.
Dicionários e acervo do CPDOC. Seu conteúdo pode ser pesquisado online.